Sobre o livro: ano / Tabitha caminha e pensa em sapatos. Há muito tempo que ela pensa em sapatos, três pares e meio para ser exato, mas é difícil avaliar o tempo olhando para o ferro. É mais fácil medir aos pares: restam mais três e ela partiu com sete. Os sapatos, bem amarrados à mochila, ficam pendurados em cima dela, puxando com o peso. Outono, inverno, primavera e verão se sucedem, passando, como as paisagens, e Tabitha não tem certeza se as solas se desgastam em um ano ou mais, mas parece que foi um ano. Vou colocar um par novo e começar a contar meus passos, ela pensa constantemente, mas é tão fácil se perder. Ela pensa nos sapatos, porque senão não conseguiria andar mais: as tiras de ferro cravam na pele, esfregam, deixam hematomas e calosidades, a dor dá vida aos sapatos, e eles a carregam por rios, montanhas e abismos . Devemos seguir em frente, ou os sapatos nunca se desgastam, mas devem estar gastos..